Trajetória
Black
Paulo Novais
O termo soul music ("música da
alma") surgiu nos EUA para designar um tipo de música profundamente
influenciada pelo gospel cantado pela comunidade negra norte-americana. Apesar
de sua origem religiosa, o gênero é marcado por apresentar um ritmo bastante
sensual, tanto na interpretação como no modo de ser dançado.
Com o surgimento de gravadoras como a
Motown que, entre outros, revelou Diana Ross, e de artistas como Aretha
Franklin, Marvin Gaye e James Brown, o gênero se popularizou nos EUA e no
mundo. No Brasil, sua influência começou a ser notada no início dos anos 70,
graças aos DJs Big Boy e Ademir Lemos que, através dos seus programas de rádio
e dos "Bailes da Pesada" - organizados na cervejaria carioca Canecão
- passaram a unir a grupos de rock artistas como Wilson Picket e grupos como
Kool & The Gang. Contudo, quando a casa resolveu se especializar em
artistas da MPB, o baile passou para clubes dos subúrbios cariocas, onde a
penetração da soul music e do funk era maior.
Em meados da mesma década, foi formada
a equipe Soul Grand Prix, embrião de equipes hoje famosas como a Furacão 2000,
que começou a lotar as quadras dos clubes e gerou o que se convencionou chamar
de era de ouro dos bailes black. Essa penetração social, principalmente em
camadas da população negra que se identificavam com a postura 'black power' dos
artistas norte-americanos de funk, logo resultaria no Movimento Black Rio. Daí
surgiram nomes importantes como Cassiano e seu grupo Os Diagonais, Gerson King
Combo, Tony e Frank, Banda Black Rio, Carlos Dafé, Tony Tornado, Sandra de Sá e
Dom Mita.
Porém, sem dúvida, o maior nome do
soul brasileiro a despontar na década de 70 foi Tim Maia. Quando voltou dos
Estados Unidos, trouxe na sua bagagem um vasto conhecimento sobre o que estava
acontecendo na música negra norte-americana. Contudo, só conseguiria mostrar o
seu trabalho a partir do final dos anos 60 e início dos 70. Seguindo seus
passos, Sandra Sá (que anteriormente havia sido cantora da Banda Black Rio) e
Ed Motta foram os principais nomes dos anos 80. No final dessa década, a música
negra brasileira, sob influência da música norte-americana, começou a adotar
estilos como o hip hop e rap, marcados pela bateria eletrônica, pelo modo de
cantar falado e com forte crítica social quanto às condições da comunidade
negra. Nessa época, também surgiu o que se convencionou chamar de
"charm", uma variação romântica, menos agressiva e contestadora do
que o rap e o hip hop. Dessa forma, na década de 90, a maioria dos artistas
brasileiros influenciados pela música negra norte-americana seguia um estilo ou
outro.
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