Por Bruno Paulino
Um dos mais polêmicos subgêneros do Rock, o Heavy Metal já serviu como plano de fundo para inúmeros trabalhos antropológicos. O mais conhecido é o documentário intitulado “Metal: Uma Jornada pelo Mundo do Heavy Metal” (Metal: A Headbanger’s Journey), dirigido em 2005 pelo antropólogo canadense Sam Dunn, que é fã declarado da música pesada, junto com Jessica Wise e Scot McFadyen. Dunn percorreu vários cantos do mundo para desenvolver uma pesquisa de opinião sobre o Heavy Metal, suas raízes culturais, controvérsias e razões pelas quais é tão aclamado. Respostas para o porquê de ainda existirem duras críticas sobre o estilo mesmo ele sendo bem-sucedido e reunindo milhões de adeptos também são encontradas no filme.
Um dos mais polêmicos subgêneros do Rock, o Heavy Metal já serviu como plano de fundo para inúmeros trabalhos antropológicos. O mais conhecido é o documentário intitulado “Metal: Uma Jornada pelo Mundo do Heavy Metal” (Metal: A Headbanger’s Journey), dirigido em 2005 pelo antropólogo canadense Sam Dunn, que é fã declarado da música pesada, junto com Jessica Wise e Scot McFadyen. Dunn percorreu vários cantos do mundo para desenvolver uma pesquisa de opinião sobre o Heavy Metal, suas raízes culturais, controvérsias e razões pelas quais é tão aclamado. Respostas para o porquê de ainda existirem duras críticas sobre o estilo mesmo ele sendo bem-sucedido e reunindo milhões de adeptos também são encontradas no filme.
O principal objetivo do filme foi montar uma
espécie de árvore genealógica do Heavy Metal, com suas principais ramificações.
A crítica especializada disse que o autor do filme se esqueceu de mencionar as
influências de The Who e de bandas que faziam um som psicodélico, como The
Doors. Vale lembrar que o primeiro Rock pesado da história foi feito pelos
Beatles, a surpreendente “Helter Skelter”.
O Heavy Metal costuma ser um gênero predominantemente masculino, embora
atualmente as mulheres tenham conquistado espaço e se mostrado bastante
presentes nos shows do gênero. No filme há uma entrevista com a cantora Doro
Pesch, que é uma das vozes femininas mais aclamadas da música pesada.
Entretanto, a finalidade do documentário é mostrar uma imagem diferente do
Heavy Metal e o quanto ele pode ser interessante tanto do ponto de vista
musical quanto cultural. Sam Dunn sabe que o senso comum ainda tem uma visão
deturpada sobre o que é Heavy Metal. No século atual, ainda há casos de
discriminação com rockeiros/headbangers[1]
[2]
e demonstrações públicas de desconhecimento acerca desse tipo de música, como
podemos constatar nessa postagem no Facebook.
É fato que o Heavy Metal ainda carrega consigo
vários dos estereótipos consagrados, como roupas pretas, acessórios como spikes, munhequeiras e cordões com
crucifixos e caveiras, coturnos militares, piercings,
tatuagens entre outros. Roupas de couro também são muito associadas com a
imagem dos amantes do Metal. Uma curiosidade acerca do universo headbanger( o termo ‘metaleiro’ é repudiado
pela tribo) é a afinidade com outra tribo, a dos motociclistas, uma vez que o
gosto musical predominante nesse outro grupo é justamente o Rock/Heavy Metal.
Essa ligação foi iniciada por Rob Halford, vocalista da banda Judas Priest, que
nos primórdios costumava entrar de moto no palco.
Outro
aspecto marcante da simbologia que identifica aqueles que pertencem a essa
tribo do Heavy Metal é o famoso chifrinho com as mãos, que foi imortalizado por
Ronnie James Dio nos anos 80. A origem desse
sinal, segundo pesquisadores, se dá na Idade Média e é denominado Il Malocchio (olho mau em italiano). Era usado como amuleto
para afastar as energias ruins e era usado com os dedos apontados para frente,
de modo que, literalmente, furasse os olhos do mal, e não para cima, como se
faz até então. Em uma entrevista, Dio disse que aprendeu esse gesto com a avó e
que sempre o fez em qualquer ocasião desde criança. Esse talvez seja o símbolo
mais famoso do Rock/Heavy Metal.
Imagem extraída de: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8iA3t8IzeG8gkWI5RJIAAThuc-ekipfoPjm3rphnqDHG2OfTN6g_mcqN9q1aCz0I_La9EIugAERxvidT7YQpxQC5QcCH5rUSFCFoCm7uvMkOfBk-r85CAOjhi3oWJwsR2SIAzn6s8Qhc/s1600/DIO.jpg
Em relação ao comportamento, os adeptos do Heavy
Metal são essencialmente hedonistas e idealistas. Conforme um escrito
encontrado nas paredes do “Calabouço Heavy and Rock Bar”, casa de shows carioca
voltada para o Rock/Heavy Metal em geral, o headbanger
é uma pessoa que tem sua própria mentalidade e concepção do mundo e da
sociedade e sabe que muitas vezes tais idéias não seriam aceitas ou vistas por
outros de outra forma que não fosse seu gosto musical, que não somente traduz
aquilo que ele vê e sente ao seu redor como também permite que ele também saiba
se expressar através desse meio, que é praticamente um “universo musical” à
parte, o Metal. Ainda de acordo com um estudo realizado da Universidade de Warwick, na Grã-Bretanha, os alunos com QI (Quociente
de Inteligência) elevados têm o Heavy Metal como preferência musical. O
resultado surpreendeu os pesquisadores, porque a Música Erudita e o Jazz,
geralmente associados a mentes brilhantes, representaram uma porcentagem quase
ínfima entre os “geninhos”.[3]
Sob o ponto de vista
antropológico, o Rock/Heavy Metal fornece um vasto campo para estudos sobre o
comportamento humano, principalmente quando se deseja esclarecer o porquê de
muitas vezes os amantes do estilo se sentirem um peixe fora d’água nas relações
sociais. Mesmo com muita lenda desmistificada, ainda há resquícios do
preconceito que o estilo sofreu durante várias décadas. Quem faz parte desse
grupo sabe como lidar com isso e acima de tudo sabe da força que o Rock/Heavy
Metal possui na cultura popular. A variedade de estilos que há dentro do
Rock/Heavy Metal fala por si só, conforme mostrado no documentário do canadense
Sam Dunn.