sábado, 5 de julho de 2014

Antropologia do Heavy Metal

Por Bruno Paulino


Um dos mais polêmicos subgêneros do Rock, o Heavy Metal já serviu como plano de fundo para inúmeros trabalhos antropológicos. O mais conhecido é o documentário intitulado “Metal: Uma Jornada pelo Mundo do Heavy Metal” (Metal: A Headbanger’s Journey), dirigido em 2005 pelo antropólogo canadense Sam Dunn, que é fã declarado da música pesada, junto com Jessica Wise e Scot McFadyen. Dunn percorreu vários cantos do mundo para desenvolver uma pesquisa de opinião sobre o Heavy Metal, suas raízes culturais, controvérsias e razões pelas quais é tão aclamado. Respostas para o porquê de ainda existirem duras críticas sobre o estilo mesmo ele sendo bem-sucedido e reunindo milhões de adeptos também são encontradas no filme.

O principal objetivo do filme foi montar uma espécie de árvore genealógica do Heavy Metal, com suas principais ramificações. A crítica especializada disse que o autor do filme se esqueceu de mencionar as influências de The Who e de bandas que faziam um som psicodélico, como The Doors. Vale lembrar que o primeiro Rock pesado da história foi feito pelos Beatles, a surpreendente “Helter Skelter”. 

O Heavy Metal costuma ser um gênero predominantemente masculino, embora atualmente as mulheres tenham conquistado espaço e se mostrado bastante presentes nos shows do gênero. No filme há uma entrevista com a cantora Doro Pesch, que é uma das vozes femininas mais aclamadas da música pesada. Entretanto, a finalidade do documentário é mostrar uma imagem diferente do Heavy Metal e o quanto ele pode ser interessante tanto do ponto de vista musical quanto cultural. Sam Dunn sabe que o senso comum ainda tem uma visão deturpada sobre o que é Heavy Metal. No século atual, ainda há casos de discriminação com rockeiros/headbangers[1] [2] e demonstrações públicas de desconhecimento acerca desse tipo de música, como podemos constatar nessa postagem no Facebook.



                                                                                                      Fonte: http://forum.jogos.uol.com.br/pobre-francine-kniess-e-suas-palavras-leviana-_t_2173394




             É fato que o Heavy Metal ainda carrega consigo vários dos estereótipos consagrados, como roupas pretas, acessórios como spikes, munhequeiras e cordões com crucifixos e caveiras, coturnos militares, piercings, tatuagens entre outros. Roupas de couro também são muito associadas com a imagem dos amantes do Metal. Uma curiosidade acerca do universo headbanger( o termo ‘metaleiro’ é repudiado pela tribo) é a afinidade com outra tribo, a dos motociclistas, uma vez que o gosto musical predominante nesse outro grupo é justamente o Rock/Heavy Metal. Essa ligação foi iniciada por Rob Halford, vocalista da banda Judas Priest, que nos primórdios costumava entrar de moto no palco.



            Outro aspecto marcante da simbologia que identifica aqueles que pertencem a essa tribo do Heavy Metal é o famoso chifrinho com as mãos, que foi imortalizado por Ronnie James Dio nos anos 80. A origem desse sinal, segundo pesquisadores, se dá na Idade Média e é denominado Il Malocchio (olho mau em italiano). Era usado como amuleto para afastar as energias ruins e era usado com os dedos apontados para frente, de modo que, literalmente, furasse os olhos do mal, e não para cima, como se faz até então. Em uma entrevista, Dio disse que aprendeu esse gesto com a avó e que sempre o fez em qualquer ocasião desde criança. Esse talvez seja o símbolo mais famoso do Rock/Heavy Metal.

Imagem extraída de: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8iA3t8IzeG8gkWI5RJIAAThuc-ekipfoPjm3rphnqDHG2OfTN6g_mcqN9q1aCz0I_La9EIugAERxvidT7YQpxQC5QcCH5rUSFCFoCm7uvMkOfBk-r85CAOjhi3oWJwsR2SIAzn6s8Qhc/s1600/DIO.jpg







     Em relação ao comportamento, os adeptos do Heavy Metal são essencialmente hedonistas e idealistas. Conforme um escrito encontrado nas paredes do “Calabouço Heavy and Rock Bar”, casa de shows carioca voltada para o Rock/Heavy Metal em geral, o headbanger é uma pessoa que tem sua própria mentalidade e concepção do mundo e da sociedade e sabe que muitas vezes tais idéias não seriam aceitas ou vistas por outros de outra forma que não fosse seu gosto musical, que não somente traduz aquilo que ele vê e sente ao seu redor como também permite que ele também saiba se expressar através desse meio, que é praticamente um “universo musical” à parte, o Metal. Ainda de acordo com um estudo realizado da Universidade de Warwick, na Grã-Bretanha, os alunos com QI (Quociente de Inteligência) elevados têm o Heavy Metal como preferência musical. O resultado surpreendeu os pesquisadores, porque a Música Erudita e o Jazz, geralmente associados a mentes brilhantes, representaram uma porcentagem quase ínfima entre os “geninhos”.[3]



Sob o ponto de vista antropológico, o Rock/Heavy Metal fornece um vasto campo para estudos sobre o comportamento humano, principalmente quando se deseja esclarecer o porquê de muitas vezes os amantes do estilo se sentirem um peixe fora d’água nas relações sociais. Mesmo com muita lenda desmistificada, ainda há resquícios do preconceito que o estilo sofreu durante várias décadas. Quem faz parte desse grupo sabe como lidar com isso e acima de tudo sabe da força que o Rock/Heavy Metal possui na cultura popular. A variedade de estilos que há dentro do Rock/Heavy Metal fala por si só, conforme mostrado no documentário do canadense Sam Dunn.


sexta-feira, 4 de julho de 2014

RESENHA: 13 - Black Sabbath


Por Bruno Paulino




13 (Thirteen) é o décimo nono disco de estúdio do Black Sabbath, banda formada em Birmingham( Inglaterra) no início da década de 70 e que é considerado por muitos os criadores do Heavy Metal. O disco mostra todas as características que fizeram do Black Sabbath um dos pilares mais importantes da história do Rock. Tony Iommi( guitarrista) mostra porque é considerado o mestre dos riffs. Todas as oito faixas de "13" contém riffs marcantes, cavernosos e cheios de vigor e densidade, além de solos com muito feeling. A musicalidade sombria e repleta de tons menores que consagrou o Black Sabbath é deveras valorizada nesse álbum. O baixo de Terry ‘Geezer’ Butler e a bateria de Brad Wilk( o baterista da formação original, Bill Ward, não aceitou participar da reunião da banda) formam uma cozinha coesa e incisiva, contribuindo de forma sublime para a estrutura musical onde se sobressaem a guitarra de Iommi e o vocal inconfundível de Ozzy Osbourne, que traduz todo seu carisma e irreverência. Ele é uma das provas vivas de que muitas vezes não é necessário fazer aulas de canto para ser um bom vocalista. É uma questão de saber ou não saber fazer. Ozzy já nasceu com o dom de cantar. Isso se constata a cada vez que ouvimos os primeiros álbuns do Black Sabbath que conta com ele nos vocais, além de sua bem-sucedida carreira solo. Ozzy é um privilegiado porque durante toda a vida sempre esteve acompanhado de músicos de alto nível.

O disco já começa arrebentando com “End Of The Beginning”, onde encontramos a repetição da fórmula de sucesso da canção “Black Sabbath”, que começa criando uma atmosfera obscura e macabra, dando a sensação de que algo terrível virá à tona. Começa com uma grande explosão e depois vai diminuindo o andamento, para criar um clima de suspense. Logo depois volta a explosão imanente da musicalidade Rock, sempre acompanhada de uma voz nervosa como a de Ozzy no caso. Depois vem “God Is Dead?”, que se tornou carro-chefe do disco e é bastante executada nas rádios e passa por “Loner”, “Zeitgeist”, uma música psicodélica que nos faz viajar no tempo, “Age Of Reason”, “Live Forever”, “Damaged Soul” e encerra com “Dear Father”. O disco contém 8 faixas mas é como se fosse uma eternidade, seja pela longa duração das músicas, pelo clima de revival dos tempos áureos do Rock nos anos 70. "13" é um trabalho desafiador e que enche qualquer um de satisfação e catarse, porque mostra que o que é bom dura para sempre e jamais cai em desuso. Black Sabbath é uma divindade sagrada do Rock/Heavy Metal e mostra que a boa música nunca sai de moda e sobrevive à passagem do tempo sob qualquer circunstância. O álbum teve repercussão imediata a nível mundial e rendeu uma extensa turnê, com direito a quatro shows no Brasil. Todos com lotação máxima e ampla divulgação na mídia. Black Sabbath é de fato uma unanimidade entre os amantes da música pesada e claro, do bom e velho Rock N' Roll.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

História do Heavy Metal

Da esquerda pra direita: Adrian Smith, Dave Murray e Janick Gers, guitarristas do Iron Maiden. Foto: https://www.flickr.com/photos/sedlavana/5064943506/



















Por Bruno Paulino


            O Heavy Metal é um gênero musical derivado do Rock. Surgiu na primeira metade da década de 70, com a banda Black Sabbath, que são considerados os principais percursores do Heavy Metal por parte dos aficionados pelo estilo. Tal atribuição se dá pela musicalidade tenebrosa, sombria e carregada de efeitos que dão uma atmosfera tensa às músicas. Uma curiosidade que talvez ajude a entender o peso e o poder de fogo do Black Sabbath seja o fato do guitarrista Tony Iommi usar cilindros de metal nos dedos. Ele teve um acidente e perdeu as pontas dos dedos da mão direita. Como ele é canhoto, isso poderia impedí-lo de tocar, já que doía muito quando ele pressionava as cordas da guitarra com a mão direita para fazer as notas. A solução para isso foi usar cilindros de metal. Sem perceber, acabou dando uma sonoridade única e inconfundível ao Black Sabbath. A afinação em tons menores da guitarra de Iommi não somente ajudava o vocalista Ozzy Osbourne a atingir notas mais altas como também enfatizava o clima de perigo e medo. A idéia de fazer músicas assustadoras veio do baixista Terry "Geezer" Butler, quando a banda ensaiava em um estúdio que ficava próximo a um cinema onde eram exibidos filmes de terror. As pessoas pagavam para se assustar. Pensando nisso, ele indagou: "Por que não?" E então surgiu uma das maiores bandas da história.

Outros grupos que são considerados pioneiros do Heavy Metal ou que influenciaram bandas do gênero são Judas Priest, Deep Purple, Led Zeppelin, Motörhead e AC/DC. Características marcantes desse tipo de Música são riffs de guitarra explosivos, as famosas frases de guitarras que constituem a base harmônica da música, por exemplo, “Smoke On The Water” (Deep Purple); “Iron Man” (Black Sabbath); “Back In Black” (AC/DC) e “Black Dog” (Led Zeppelin), solos de guitarra simples, que envolvem apenas bends e acordes ligados, e outros mais complexos e variados, com trêmolos, harmônicos, tappings, arpeggios e outras técnicas para instrumentos de corda. Quanto aos vocais, eles podem ser bastante agudos como Rob Halford( Judas Priest), graves como o de Lemmy Kilmister( Motorhead) ou guturais, muito comuns em bandas como Sepultura, Slayer e outras de subgêneros como Thrash Metal, Death Metal, Black Metal entre outros. O baixo é repleto de linhas vivas e pulsantes, que embora não se sobressaiam tanto em algumas músicas, desempenham um papel fundamental na harmonia musical. Junto com a bateria e a guitarra-base, o baixo costuma formar a “cozinha” musical, que corresponde às bases rítmicas. A bateria costuma ter pedais e bumbos duplos. Elas bebem muita da fonte de Gene Krupa, influente baterista de Jazz. A velocidade e o timing das pancadas de bateria dele influenciaram um sem número de músicos, incluindo os do Rock pesado. No Heavy Metal há espaço para outros instrumentos musicais, tais como teclado, violino, gaita entre outros. Mas tradicionalmente são baixo, guitarras e bateria, além dos vocais.

As letras costumam abordar temas épicos, como guerras, mitologia, batalhas e questões de cunho político e social, além de críticas à religião. História é uma temática bastante presente no Heavy Metal, assim como o Ocultismo e acontecimentos da Idade Média e de tempos remotos. Letras que falam de curtição, bebidas, drogas e outras coisas despretensiosas também se fazem presentes. O Heavy Metal costuma ser cantando em Inglês, embora haja espaço para todas as nacionalidades. No Brasil inclusive há bandas do gênero que são consagradas no exterior, como Sepultura, Angra e Krisiun.

A música se chama Heavy Metal (Metal Pesado) muito provavelmente pelo poder que os amplificadores dão ao volume das guitarras, além dos vocais vigorosos e carregados de fúria e paixão e da dupla baixo-bateria (em algumas bandas baixo-bateria-guitarra-rítmica) que garantem uma base perfeita para o solo de guitarra, que é um traço marcante do gênero, cujo nome tem origem incerta em termos musicais. As afirmações mais plausíveis são a do escritor norte-americano William Burroughs(5 de fevereiro de 1914  2 de agosto de 1997), que em 1962 criou um personagem chamado “Uranian Willy, the Heavy Metal Kid”, presente no romance intitulado “The Soft Machine”. Na obra seguinte, o termo foi usado como metáfora para se referir a drogas que viciam. Já na visão do historiador do gênero Ian Christe, descreveu o que os componentes do termo significavam em "hippiespeak", a "linguagem dos hippies" da época: "heavy"(pesado), seria um sinônimo aproximado de "potente" ou "profundo", e "metal" indicaria um certo tipo de estado de espírito, pesado e opressivo como o metal. A palavra "heavy", neste sentido, era um elemento básico da cultura beatnik e, posteriormente, da gíria usada na contracultura, e referências à música pesada.[1]

Atualmente, o Heavy Metal é bastante aclamado e reúne milhões de adeptos em todas as partes do mundo. Os shows do gênero no cenário mainstream( termo usado para se referir a tudo que está na grande mídia) têm lotação máxima garantida e bandas consagradas como Metallica e Iron Maiden podem se dar ao luxo de contar apenas com a bilheteria para obter lucros expressivos. O público que acompanha o Heavy Metal é bastante fiel e cativo e bandas desse estilo costumam ter uma carreira longa e solidificada.

Musicalmente falando, o Heavy Metal possui inúmeras ramificações e variações, incluindo características de outros gêneros musicais, sem, entretanto, perder identidade. Uma das ligações mais fortes é com a Música Erudita, já que muitos dos músicos e compositores do estilo estudaram Música Clássica, o que de certa forma ajudou o Heavy Metal a desenvolver virtuosismo, principalmente na guitarra, que é o instrumento mais marcante desse gênero. É comum vermos fãs de Heavy Metal que apreciam as obras de Beethoven, Mozart, Vivaldi, Pagannini, Chopin entre outros insignes nomes da Música Clássica. Denner Campolina, que é músico da orquestra sinfônica do Teatro Municipal do Rio e baixista de uma banda de Thrash Metal, disse em reportagem feita pelo Jornal O Globo, em 3 de Março de 2013:

- “A emoção é igual. Escuto Metallica, Iron, Black Sabbath e ao mesmo tempo sou músico por causa de Bach, que ouço desde os 6 anos. Há um ano, toco na banda de Metal Unmasked Brains. E partiturei as músicas.”
As vinte e cinco bandas “que fizeram o Heavy Metal ser o que é”, de acordo com Rob O’Connor, do site Yahoo! Music, são: [2]

01. BLACK SABBATH
02. LED ZEPPELIN
03. AC/DC
04. VAN HALEN
05. 
JIMI HENDRIX EXPERIENCE
06. METALLICA
07. JUDAS PRIEST
08. AEROSMITH
09. MOTÖRHEAD
10. IRON MAIDEN
11. SLAYER
12. DEEP PURPLE
13. SPINAL TAP
14. RUSH
15. ROBIN TROWER
16. DIO
17. KISS
18. GUNS N' ROSES
19. KYUSS
20. THIN LIZZY
21. PANTERA
22.
URIAH HEEP
23. ALICE IN CHAINS
24. MERCYFUL FATE
25. MESHUGGAH




Cabe ressaltar que nem todas as bandas citadas na lista são de fato classificadas como Heavy Metal, como Led Zeppelin, AC/DC, Van Halen, Jimi Hendrix, Aerosmith, Deep Purple, Rush, Robin Trower, Kiss, Guns N’ Roses, Thin Lizzy, Uriah Heep e Alice In Chains. Elas foram citadas por terem influenciado fortemente diversas bandas do gênero. O primeiro Rock pesado gravado na história que se tem notícia é “Helter Skelter”, dos Beatles. Aliás, é comum dizer que bandas consideradas Hard Rock são Heavy Metal e vice-versa, muito pelo fato de serem os dois subgêneros mais pesados do Rock e terem influências em comum. Na década de 80 começamos a compreender melhor essa diferença, quando surgiu o movimento conhecido como New Wave Of British Heavy Metal (Nova Onda do Heavy Metal Britânico), cujas bandas mais bem sucedidas são Iron Maiden, Venom, Def Leppard, Girlschool( uma banda formada só por mulheres) e Saxon. Outras que se destacaram são Tygers Of Pan Tang, Witchfinder General, Holocaust, Savage, Elixir, Satan entre outras. Se formos traduzir para o português o significado será praticamente o mesmo. As características musicais também são semelhantes. A diferença está no fato de no Hard Rock encontrarmos bandas onde as guitarras dividem as glórias com os vocais (AC/DC), influências mais cristalinas de Blues, baladas pop românticas em maior quantidade (Guns N’ Roses, Aerosmith, Whitesnake, Bon Jovi) e uma musicalidade mais dançante. Já no Heavy Metal o virtuosismo é mais presente e são clarividentes as influências de compositores eruditos, já que os músicos dessa vertente do Rock costumam estudar em conservatórios musicais, onde aprendem muito sobre os grandes compositores clássicos.





[1]http://pt.wikipedia.org/wiki/Heavy_metal#Etimologia
[2]http://whiplash.net/materias/melhores/074257-blacksabbath.html

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Maiores sambistas do Brasil

Luciano Gouveia


Dentre muitos podemos destacar

  Bezerra Da Silva

 . Ele é a grande  prova de que o samba existe no Brasil inteiro. Nascido em Recife, que é considerada a terra do frevo, em 1927, José Bezerra da Silva foi um dos maiores sambistas que o nosso país já teve. Compositor, percussionista, cantor e violonista, Bezerra da Silva se destacou quando adotou o samba de partido alto como seu ritmo de raiz. 

Dorival Caymmi
  
Famoso por cantar:  “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é…”. O samba pode não ser um estilo totalmente original do nosso país, mas foi aqui que ele ganhou novas raízes e se espalhou pelo mundo inteiro. Quando se fala em samba em qualquer parte do planeta, com certeza o Brasil será citado sempre e os nossos sambistas recebem reconhecimento por tal trabalho.
Paulinho Da Viola
Compositor, cantor, violonista e um exemplar músico sob todos os aspectos, Paulinho já nem precisa de apresentações porque as suas músicas falam por si e mostram o motivo dele ter tanto reconhecimento.
Zeca Pagodinho
 Zeca é o típico boêmio dos bares cariocas dos anos 80 e que ganho destaque devido seu talento. São mais de 20 discos gravados desde o início de seu sucesso e mantém sua característica de sambista humilde do Xerém por onde passa.
Martinho Da Vila
 Martinho acumula sucessos gravados tanto na sua voz como na voz de outros cantores do Brasil e tem seu nome amplamente conhecido na África, onde faz um trabalho paralelo, principalmente em Angola e Luanda.

Cultura africa no samba

 Luciano Gouveia


  As raízes do samba, enquanto música e dança, vieram da 
África. Vieram nos navios negreiros junto com os escravos trazidos para o Brasil 
pelos portugueses. A origem da palavra "samba" apresenta várias controvérsias e 
leituras distintas, mas aqui adoto o princípio de que o samba é uma dança e um 

gênero musical oriundo de ritmos e melodias de raízes africanas, como o lundu e o batuque.
   Deste batuque 
ritualístico e religioso até o samba de salão foram necessários longos caminhos 
históricos. Mas, é inegável que as raízes do samba podem ser encontradas no 
período do Brasil colonial, a partir da vinda da mão-de-obra escrava ao país. 

Samba



Luciano Gouveia


As marchinhas faziam sucesso nos carnavais das primeiras décadas do século XX. Ao mesmo tempo, outras fusões de ritmos eram experimentadas. Buscava-se uma música genuinamente brasileira, sem desconsiderar as influências européias, mas valorizando os cantos e danças da cultura africana.

Samba e suas raízes

Luciano Gouveia



O samba é um gênero musical, do qual deriva um tipo de dança, de raízes africanas surgido no Brasil e considerado uma das principais manifestações culturais populares brasileiras.
Dentre suas características originais, está uma forma onde a dança é acompanhada por pequenas frases melódicas e refrões de criação anônima, alicerces do samba de roda nascido no Recôncavo Baiano e levado, na segunda metade do século XIX, para a cidade do Rio de Janeiro pelos negros que trazidos da África e se instalaram na então capital do Império. O samba de roda baiano, que em 2005 se tornou um Patrimônio da Humanidade da Unesco, foi uma das bases para o samba carioca.
Apesar de existir em várias partes do país - especialmente nos Estados da Bahia, do Maranhão, de Minas Gerais e de São Paulo - sob a forma de diversos ritmos e danças populares regionais que se originaram do batuque, o samba como gênero musical é entendido como uma expressão musical urbana do Rio de Janeiro, onde esse formato de samba nasceu e se desenvolveu entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Foi no Rio de Janeiro, antiga capital do Brasil, que a dança praticada pelos escravos libertos entrou em contato e incorporou outros gêneros musicais tocados na cidade (como a polca, o maxixe, o lundu, o xote, entre outros), adquirindo um caráter totalmente singular. Desta forma, ainda que existissem diversas formas regionais de samba em outras partes do país, samba carioca urbano saiu da categoria local para ser alçado à condição de símbolo da identidade nacional brasileira durante a década de 1930.
Um marco dentro da história moderna e urbana do samba ocorreu em 1917, no próprio Rio de Janeiro, com a gravação em disco de "Pelo Telefone", considerado o primeiro samba a ser gravado na Brasil (segundo os registros da Biblioteca Nacional). A canção tem a autoria reivindicada por Ernesto dos Santos, mais conhecido como Donga, com co-autoria atribuída a Mauro de Almeida, um então conhecido cronista carnavalesco. Na verdade, "Pelo Telefone" era uma criação coletiva de músicos que participavam das festas da casa de tia Ciata, mas acabou registrada por Donga e Almeida na Biblioteca Nacional.[10]"Pelo Telefone" foi a primeira composição a alcançar sucesso com a marca de samba e contribuiria para a divulgação e popularização do gênero. A partir daquele momento, esse samba urbano carioca começou a ser difundido pelo país, inicialmente associado ao carnaval e posteriormente adquirindo um lugar próprio no mercado musical. Surgiram muitos compositores como Heitor dos Prazeres, João da Baiana, Pixinguinha e Sinhô, mas os sambas destes compositores eram amaxixados, conhecidos como sambas-maxixe.